As carreiras de Estado, como
são chamadas as carreiras do funcionalismo público cujos ocupantes exercem
atividades típicas do poder estatal – tais como segurança, fiscalização e
arrecadação – fecharam acordo com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
para um reajuste superior ao concedido aos demais servidores. Enquanto os
servidores civis do Executivo federal receberão aumento de 10,8% dividido em
dois anos, eles ganharão 27,9% em quatro anos.
O percentual para os
servidores que não ocupam carreiras típicas de Estado será dividido em 5,5% em
agosto deste ano e 5% em janeiro de 2017. O aumento totaliza 10,8% porque a
segunda parcela incide sobre o salário já reajustado. A divisão do percentual de
27,9% para carreiras de Estado, por sua vez, prevê aumento de 5,5%, igual ao
dos demais servidores, em agosto deste ano. Entretanto, em 2017, 2018 e 2019,
eles terão reajustes respectivos de 6,99%, 6,65% e 6,31%.
Para Rudinei Marques,
presidente do Fórum Nacional das Carreiras Típicas de Estado e do Sindicato dos
Analistas e Técnicos de Finanças e Controle (Unacon Sindical), os servidores
dessas categorias conseguiram um reajuste maior porque aceitaram correr “um
risco”. “Basicamente, as carreiras de Estado optaram por um acordo mais longo e
terão ganho um pouquinho maior para compensar o risco que estão correndo.”
Rudinei disse que as carreiras
que aceitaram os 27,9% em quatro anos apostaram na estabilidade da economia.
“São áreas técnicas, estratégicas do Estado, que estão apostando que a economia
vai se estabilizar. [Decidiram] pagar para ver e deixar [o reajuste] fixado até
2019”, comentou.
No entanto, Josemilton Costa,
secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores do Serviço Público Federal
(Condsef), entidade que negociou o acordo de 10,8% para várias carreiras,
criticou o fato de o governo conceder um reajuste maior a servidores que têm
vencimentos superiores aos da média. “De fato, o governo vem priorizando quem
ganha mais. Ou seja, vem achatando a cada ano a remuneração dos que ganham
menos na administração pública federal. O governo beneficia aqueles que
arrecadam e fazem repressão, em detrimento dos que educam ou salvam vidas”,
reclamou.
Procurado, o Ministério do
Planejamento informou que, ao negociar os reajustes das demais carreiras de
Estado, buscou harmonizá-los com o que havia sido concedido aos advogados
públicos federais. Os advogados públicos negociaram reajuste de 21,3%
escalonado em quatro anos, mas também passarão a receber honorários
advocatícios das causas que ganharem para a União. De agosto a dezembro deste
ano, receberão R$ 3 mil mensais a título de honorários. A partir de 2017, o
ganho passa a ser variável, dependendo do valor das causas.
Tratamento igualitário
Segundo o Planejamento, tratar
as carreiras de Estado de maneira igualitária tem sido uma política de gestão.
A pasta frisou ainda que essas carreiras aceitaram reajuste em quatro anos,
enquanto outros servidores exigiram que o prazo fosse menor.
Achilles Frias, presidente do
Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda (Sinprofaz), que é uma das
carreiras da advocacia pública, defende o repasse dos honorários advocatícios.
“Essa discussão veio no ano retrasado, por ocasião do debate do novo Código de
Processo Civil. Muitos estados já pagavam, apenas os advogados federais não
estavam com o direito regulamentado. Conseguimos a efetivação desse direito.
Até dezembro, haverá a regulamentação definitiva”, informou.
As carreiras de Estado que
aceitaram os 27,9% são os analistas e técnicos de Finanças e Controle da
Corregedoria Geral da União (CGU) e da Secretaria do Tesouro Nacional, os
servidores do Banco Central, os da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os da
Superintendência de Seguros Privados (Susep) e os funcionários do ciclo de
gestão. O governo não conseguiu acordo com a Receita Federal, Polícia Federal,
Polícia Rodoviária Federal e diplomatas.
Do lado das carreiras comuns,
ainda falta fechar acordo com os médicos peritos do Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS), com os peritos agrários e com os analistas de infraestrutura
e de políticas sociais.
Edição: Nádia Franco- Agência Brasil
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