O presidente dos EUA, Barack Obama, tentou minimizar neste último sábado (9) o clima de tensão racial que tomou conta do país nessa semana. Ele pediu aos americanos que não concedam à imagem de um país dividido entre grupos opostos após os episódios da morte de dois homens negros em ações por policiais e o ataque atribuído a um veterano de guerra negro que deixou cinco policiais mortos.
"Por mais dolorosa que essa semana tenha sido, eu acredito firmemente que a América não está dividida como alguns sugerem", disse o presidente, em entrevista a jornalistas durante a cúpula da Otan, a aliança atlântica, em Varsóvia, na Polônia.
Na terça-feira (5), dois policiais dispararam contra um homem negro, Alton Sterling, 37, e o mataram, enquanto tentavam detê-lo em Baton Rouge, Louisiana. Um dia depois, um policial disparou contra um homem negro, Philando Castile, 32, ao parar seu carro em uma blitz em Falcon Heights, subúrbio de St. Paul, a capital do Estado. Castile morreu como resultado do ferimento. O episódio foi veiculado no Facebook Live pela namorada de Castile, Diamond Reynolds, que estava no carro com sua filha pequena.
Na quinta-feira (7), manifestantes foram às ruas em Dallas para protestar contra a morte dos dois homens. No meio do ato, um franco-atirador abriu fogo contra os policiais que faziam a segurança do ato, matando cinco e deixando outros sete mortos. Segundo a polícia, o suspeito, o veterano de guerra Micah Xavier Johnson, afirmou querer "matar brancos, sobretudo agentes brancos".
Nesta última sexta-feira (8), milhares de americanos foram às ruas em diversas cidades do país para protestar mais uma vez contra o uso excessivo de força dos policiais.
Apesar do evento internacional, a tensão racial em solo americano dominou boa parte das declarações de Obama -que encurtou a viagem à Europa para visitar Dallas nesta segunda-feira (11).
"Nós não podemos deixar as ações de alguns definirem quem somos todos nós", continuou Obama, acrescentando que não vê o país de volta ao clima de ódio racial e polarização dos anos 1960. "Não estamos vendo revoltas, não estamos vendo a polícia atrás de gente que está protestando de maneira pacífica. [...] Por mais difícil e deprimente que a perda de vidas dessa semana foi, nós temos uma base a partir da qual nos reconstruir."
Obama chamou o atirador de Dallas de "indivíduo demente" e disse que ele "não é mais representativo dos afro-americanos que o atirador de Charleston é representativo dos americanos brancos ou os atiradores de Orlando ou San Bernardino são representantes dos americanos muçulmanos."
Em junho do ano ano passado, o jovem branco Dylann Storm Roof, 21, matou a tiros nove pessoas em uma histórica igreja da comunidade negra de Charleston, na Carolina do Sul.
Em Orlando, na Flórida, Omar Mateen, matou 49 pessoas a tiros na boate gay Pulse, no último dia 12. Ele era americano filho de afegãos e ligou para a polícia para dizer que a ação era em nome da facção terrorista Estado Islâmico.
Em dezembro do ano passado, em San Bernardino, no Estado americano da Califórnia, o casal Syed Rizwan Farook e Tashfeen Malik invadiu um centro de assistência a pessoas com deficiência deixando 14 mortos e 17 feridos.
"Eles não falam por quem somos. Não é o que somos", completou Obama.
BREXIT
Obama falou ainda da saída do Reino Unido da União Europeia, decidida em plebiscito histórico no último dia 23 de junho. Ele disse não acreditar que a decisão do plebisicito possa ser revertida, apesar da oposição de muitos à chamada Brexit.
"O referendo já passou com grande atenção, uma ampla campanha e uma participação relativamente elevada", disse o presidente.
Neste sábado, o governo britânico rejeitou uma petição assinada por mais de 4 milhões de pessoas -inclusive residentes estrangeiros sem direito a voto no plebiscito- por uma segunda consulta popular sobre a saída do Reino Unido.
Ele disse ainda que Washington, como amigo, aliado e parceiro comercial de Londres, quer ver um processo de transição ordenado e manter uma relação mais próxima possível.
"É importante que nenhum lado endureça suas posições de moda a danificar suas respectivas economias e, ao fim, a economia mundial em um momento no qual nossa economia mundial está vacilante em alguns lugares", disse o americano. Com informações da Folhapress.
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