Durante 19 dias ininterruptos a funcionária pública Meire Pacheco, 52 anos, bateu ponto no sofá de casa. Sua TV ficou ligada das 9h às 21h, no mínimo. O canal? Olimpíada. Fazendo as contas, foram ao menos 228 horas, quase dez dias inteiros. Para ter tamanha disponibilidade, Meire se organizou para estar de férias no período dos jogos.
“Minhas férias eram pro mês de julho, aí negociei pro mês de agosto”, explica. Nem todo mundo tem tanto tempo livre, alguns precisaram conciliar a paixão pelo esporte com suas obrigações diárias. É o caso da consultora de crédito Michele Lobo, 25. Ela quase não conseguiu acompanhar os jogos, pois trabalhou durante a manhã e a tarde no período. Michele aproveitou seu local de trabalho, uma loja de eletrodomésticos na Avenida Sete de Setembro, para ver alguns pedaços. “Meu expediente já acabou, aí estou aqui assistindo”, afirmou, com os olhos vidrados na TV da loja, que exibia uma prova da ginástica artística. “É o que mais gosto, além do vôlei feminino. Como tenho pouco tempo, vejo meus preferidos”, conta. Já o estudante de Enfermagem Abdon Brito, 24, aproveitou a Olimpíada para assistir esportes que não consegue normalmente. “Não tenho TV fechada, então é difícil ver outras coisas além de futebol, que eu não gosto. Alguns esportes você só consegue acompanhar na Olimpíada, vira uma válvula de escape para assistir a outras modalidades”, explica o jovem, que deu preferência ao vôlei, ginástica, hipismo e atletismo. Para aproveitar ao máximo os esportes que nunca assiste, Abdon passou a tarde e a noite na frente da TV. “Minha faculdade é de manhã, aí passo a tarde inteira e a noite assistindo. Tem hora que eu deveria estudar, mas prefiro ver a Olimpíada”, revela.
O futebol, no entanto, é o esporte preferido de Meire Pacheco. Mas ela aproveitou a Olimpíada para conhecer novas modalidades. “Como todo brasileiro, amo futebol. Hoje prefiro mais o feminino. Mas assisto os que não conheço, acompanho, entendo as regras”, afirma, antes de revelar sua nova paixão. “Tô gostando do rugby, começando a entender. É muita velocidade, muita habilidade. Além disso, sempre gostei de judô e boxe”, diz.
Com tanta assiduidade na frente da TV, Meire conta que puxa outras pessoas para seu vício. “Acabo contaminando minha família. Meu sobrinho estava aqui assistindo a natação, torcendo por Thiago Pereira”, diz. A medalha não veio, mas ela não desanima, e garante que não enjoa da overdose de Olimpíada. “Não canso, porque gosto muito de esporte, gosto de competição. Se for jogo de palitinho, eu vou assistir”, brinca.
Agora, é esperar os jogos de Tóquio.
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