A estudante de Direito Jéssica Pimentel da Silva, 25 anos, registrou queixa depois de sofrer injúria racial dentro da Faculdade 2 de Julho, no Garcia. O caso foi na segunda-feira (7), quando Jéssica esperava em fila para pagar a mensalidade do curso. Ela fez um relato em redes sociais narrando o que aconteceu. "Não podemos permitir que pessoas com esse tipo de conduta permaneçam impunes", escreveu.
Jéssica relatou que ficou "muito sentida" com tudo que aconteceu. Ela explicou que foi à noite até o setor financeiro da universidade para fazer o pagamento. Havia uma fila única e somente um caixa funcionando, mas outra aluna, também estudante de Direito do curso noturno, do 9º semestre, se aproximou do caixa que esta vazio e quis saber se iria abrir. "A funcionária disse que iria abrir por conta do horário e ali mesmo ela ficou. Quando eu me direcionei para o caixa eu perguntei se tinha atendimento preferencial. Ele disse que não, pela quantidade de caixas e pela fila única. E essa pergunta que eu fiz foi o suficiente para ela se virar para mim, me dar tapas no braço, perguntando se eu sabia com quem ela estava falando, que era uma aluna antiga", diz.
Foi aí que começaram as agressões raciais. "Ela mandou eu calar a boca, disse 'cuide da minha vida, sua preta, vá cuidar do seu cabelo'. Me chamou de macaca. Os outros alunos perceberam, todo mundo viu". E completa: "Ela passou na frente de todo mundo, desrespeitou. Ela se chateou porque fiz minha pergunta direcionada ao funcionário. Nenhum momento eu direcionei minha palavra a ela". Jéssica ligou e chamou a polícia, mas houve demora e a outra estudante saiu da faculdade. "Na terça eu vim para a faculdade e ela veio também, normalmente. Até então a faculdade não tinha tomado nenhuma providência", relata. Nesta última quarta, a estudante foi informada pelo diretor que a agressora foi suspensa por 10 dias. "Mas ela não se pronunciou, não veio pedir desculpa", conta. Como a polícia não fez o flagrante da situação, Jéssica procurou a 1ª Delegacia (Barris) para registrar a ocorrência. Ela também procurou o Ministério Público da Bahia. "Como não consegui dar o flagrante, vou ter que tentar outros meios. Tem os outros alunos que presenciaram tudo".
A Faculdade 2 de Julho divulgou uma nota em seu site afirmando que "não coaduna com qualquer manifestação de preconceito contra a pessoa humana" e que repudiava "qualquer manifestação" de desrespeito neste sentido. A injúria racial tem como pena prisão de um a três anos e multa.
CORREIO
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