20 de janeiro de 2017

Pesquisador diz ter 80% de certeza de que o Parechovirus é o causador da doença misteriosa

O pesquisador Gúbio Soares, do Laboratório de Virologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), afirma que o vírus causador da doença misteriosa deve ser o Parechovirus. As chances, segundo ele, são de 80%. O material genético recolhido pelo laboratório é mais compatível com esse vírus, explicou ele.
Ao CORREIO, o pesquisador já havia dito que dois micro-organismos tinham sido encontrados nas amostras: o Enterovirus e o Parechovirus. Faltava identificar se era um ou outro. "A minha aposta é o Parechovirus. Ele pode ser transmitido através do contato com fezes e água contaminada. A doença causada por ele também pode ser contraída por contato direto com saliva, através do beijo. Infelizmente, na literatura não há nada explicando sobre qual é a origem do agente infeccioso", afirma.
O Parechovirus já é um vírus presente, com registro de pequenos surtos em países como o Japão e, mais recentemente, na França e na Dinamarca.
Apesar da ligação inicial entre a doença e o peixe - conhecido como olho de boi. Já é possível descartar essa relação, para o especialista. A justificativa de Gúbio são os casos de pessoas que ficaram doentes mesmo sem ter
consumido pescados. Ele relembra o caso de um senhor de 65 anos que, em outubro, apresentou quadro parecido com o da maioria e negou ter se alimentado de peixe. O idoso foi internado e curado.
“Outra paciente, de Alagoinhas, nos procurou e disse que ela e mais duas pessoas da família, incluindo uma criança, estavam com os sintomas. Na minha opinião, como virologista, afasto essa possibilidade (a relação da doença com o peixe)”, assegurou. Ao CORREIO, o pesquisador já tinha questionado essa relação: "Se eu encontro o problema no ser humano, como vou acusar o peixe?". Gúbio disse ainda que não há um prazo para a conclusão da pesquisa. "Tivemos pouco tempo de análise e é um tempo curto para determinar com segurança. Isso leva tempo”.

Casos

Os primeiros casos da doença foram divulgados em novembro do ano passado. Na Bahia, são 52 casos suspeitos. Os pacientes apresentaram, além de urina escura, dores musculares intensas. Já foram registrados dois óbitos no estado, um em Salvador e outro em Vera Cruz.
A assessoria da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) informou que enviou amostras do material genético para outros estados e também para os Estados Unidos. O órgão ainda aguarda os resultados para descartar a relação entre a doença e o peixe, e descobrir o vírus causador.

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