19 de agosto de 2022

Primeira deflação no Brasil em mais de dois anos não é sentida pelos mais pobres

Foto: Tânia Rego / Agência Brasil

Há mais de dois anos, “inflação” tem sido uma palavra cativa dos noticiários. Mas, desde a divulgação do último resultado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em 9 de agosto, a queda de preços voltou a ser notícia. O levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que houve uma deflação no país pela primeira vez desde maio de 2020.

A notícia, porém, não é tão animadora quanto parece. Para os mais pobres, essa queda de preços ficou apenas no papel. Dos nove grupos analisados pelo IBGE, apenas dois (transportes e habitação) apresentaram uma redução nos custos.

A capital baiana seguiu o mesmo rumo que os índices nacionais, com a maior deflação em 33 anos. Quem vai ao mercado, no entanto, sente logo o aumento nos alimentos. Segundo o IBGE, esse foi o principal grupo responsável pela pressão de alta no custo de vida em Salvador.
Se a carne e o frango já tinham se tornado escassos na mesa, agora, outros itens essenciais também estão se tornando artigos de luxo, como o leite longa vida, que subiu mais de 25% em julho. O economista Edval Landulfo explicou, em entrevista ao programa Melhor de 3, na Metropole, o porquê desse aumento. “Nós estamos num momento de entressafra, que faz com que o gado se alimente mal e acaba impactando nos custos, como a compra de proteínas que vão alimentar esse gado. Isso vai ficar até o final de setembro, então não vai baixar”, disse.

Landulfo ressalta que sim, a deflação é uma boa notícia, mas com ressalvas. Apesar dos combustíveis terem sido os mais afetados pela queda de preço, o diesel, que costuma ser usado para abastecer caminhões, seguiu o caminho contrário.

“A guerra da Ucrânia vem apertando, dificultando a queda do diesel. Além da oferta menor no mercado, existe uma outra situação particular: a Rússia reduziu a distribuição do gás para a Europa e o substituto a curto prazo é o diesel e isso faz com que o preço não caia no mercado internacional”, explica Landulfo. O economista acrescenta que a expectativa é de aumento do diesel, não de queda.

Reportagem publicada originalmente no Jornal da Metropole em 18 de agosto de 2022

Nenhum comentário:

Postar um comentário