As mulheres negras são mais vítimas de violência que as brancas e as raízes do problema estão associadas à escravidão. A avaliação é da promotora de Justiça Lívia Santana Vaz, do Ministério Público da Bahia, que participou ontem (20) do I Seminário Biopolíticas e Mulheres Negras: práticas e experiências contra o racismo e o sexismo. “Não há dúvida nenhuma que, em decorrência da forma como houve a escravização das mulheres negras no Brasil e o racismo institucional que persiste até os dias de hoje, a mulher negra é muito mais vítima de violência de gênero do que a mulher branca.”
A promotora destacou que, de acordo com o Mapa da Violência 2015, os homicídios de mulheres negras aumentaram 54% em dez anos no Brasil, passando de 1.864, em 2003, para 2.875, em 2013. No mesmo período, o número de homicídios de mulheres brancas caiu 9,8%. Segundo Lívia Vaz, elementos culturais e midiáticos contribuem para a manutenção e aumento da violência e discriminação contra as mulheres negras e citou o exemplo do carnaval, em que as mulheres negras são associadas ao sexo e parte do negócio do turismo. “Isso tudo tem a ver com a nossa história e tem a ver com como ainda estamos lidando com essa situação hoje, por exemplo: a hipererotização do corpo da mulher negra, isso contribui para que ela seja, ainda, considerada objeto. Essa questão da cultura da violência e da violência sexual, principalmente, a cultura do estupro”, analisou.
Agência Brasil
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